9.01.2006

 

CONCLUSÕES - II (para leitores não judeus)

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Esperamos que este olhar sobre o registo histórico que contempla as causas do conflito no Médio Oriente ponha alerta todos aqueles que anteriormente apoiaram as atitudes israelitas.

A perseguição dos judeus que durou séculos na Europa foi uma das piores manchas da sua história, e o desejo sionista de um santuário de paz é certamente compreensível. Como todas as iniciativas coloniais, contudo, o sionismo baseou-se numa total desconsideração pelos direitos dos povos autóctones. É por isso, moralmente indefensável. Como anteriormente afirmámos, todos os crimes cometidos como consequência disso – e foram muitos de ambos os lados – a sua causa está na injustiça inicial cometida contra os palestinianos.

Dados os prejuízos causados ao povo palestiniano, é obrigação de Israel fazer todas as indemnizações possíveis.

Entre elas estaria a de acompanhar a criação de um estado palestiniano soberano em toda a Cisjordânia e em Gaza, com a sua capital em Jerusalém Leste.
Israel não devia objectar contra esse estado, pelo contrário, devia apoiar a sua fundação mediante generosas reparações.

Além de se tratar da solução mais correcta, isso iria terminar com as esporádicas acções de violência contra Israel, e bem assim realizaria o desejo legítimo do povo palestino de ter o seu próprio estado. Além disso, todas as leis discriminatórias contra pessoas não judias habitando Israel deveriam ser erradicadas.

Em presença da história delineada neste documento, concluímos que aos palestinianos coube o papel dos que mais prejudicados foram, e que a justiça exige que os erros contra eles cometidos devem ser devidamente reparados.
Justiça completa e integral deveria conceder aos palestinos refugiados o direito de regressar às suas terras mas, na prática, entendemos que uma tal medida poderia vir criar situações de violência.
Por conseguinte, reconhecendo essa realidade, somos do parecer da organização “Gush Shalom” e de outras organizações pacifistas de Israel, de que deveriam ser feitas negociações para decidir direitos de regresso alternativos para a maior parte dos refugiados palestinianos que desejassem regressar ao estado palestino, generosamente compensadores, da responsabilidade de Israel e da comunidade internacional.

Como cidadão dos Estados Unidos da América sentimo-nos na obrigação especial de velar para que justiça seja feita neste assunto. A ajuda financeira dos Estados Unidos a Israel tem sido enormíssima, e o nosso apoio diplomático tem sido crucial na manutenção das posições israelitas de ocupação dos territórios árabes.

Recomendamos empenhadamente que contactem com os vossos representantes eleitos em Washington solicitando-os com convicção para que insistam, como condição prévia à continuação do apoio a Israel, que o mesmo deve ceder ao consenso da opinião mundial e retirar para as fronteiras de 1967, conforme tem sido solicitado em inúmeras votações nas Nações Unidas.

Os judeus americanos em particular têm a responsabilidade especial de reconhecer os pontos de vista palestinianos, de modo a permitir que o debate a respeito deste assunto progrida. Tal como escreve Noam Chomsky no seu livro”Peace in the Middle East”:

“…Na comunidade judaico-americana, há um vontade reduzida em encarar o facto de que os árabes palestinanos terem sofrido uma monstruosa injustiça histórica, seja qual for a opinião acerca dos argumentos em presença. Enquanto tal reconhecimento não tiver lugar, a discussão a respeito da crise sobre o Médio Oriente nem sequer pode começar...”.

A longo prazo, somente através da aceitação da culpabilidade e fazendo as respectivas compensações, poderão os israelitas viver em paz com os seus vizinhos.


Só então poderá ser restaurada a tradição judaica, velha de séculos, de ser um povo de elevado carácter moral. E só desse modo se poderá recuperar segurança real, paz e justiça, para essa antiga região do mundo.


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