9.01.2006

 

Considerações gerais

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Israel tem procurado a paz com os estados árabes vizinhos mas sempre recusou energicamente negociar directamente com os palestinos. Porquê?

“…Tenham cuidado, amigos! Ao reconhecer o conceito de “Palestina”, estão a deitar por terra o direito de viver em “Ein Hahoresh”. Se isto é a Palestina e não a Terra de Israel, passam a ser conquistadores e não aqueles que cultivam o seu chão. São os seus invasores. Se isto for a Palestina, ela pertence ao seu povo, aos que residiam aqui antes da vossa chegada. Só se for a Terra de Israel terão o direito de viver em Ein Hahoresh e em Deganiyah B. Se não for o vosso país, a vossa pátria mãe, o país dos vossos antepassados e o dos vossos filhos, então o que é que estais aqui a fazer? Viestes para a terra mãe de outro povo, como eles reclamam, e daqui os expulsasteis, apoderando a sua própria terra…”
Palavras de Menahem Begin, citado por Noam Chomsky no seu livro “Peace in the Middle East”

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“… Porque haveriam os árabes de querer a paz? Se eu fosse um líder árabe nunca iria parlamentar com Israel. É óbvio: nós ocupámos a terra deles. É certo que Deus tinha-no-la prometido, mas que significa isso para eles? O nosso Deus não é o deles, nós viemos de Israel, é certo, mas há dois mil anos, e o que significa isso para eles? Houve o anti-semitismo, os nazis, o Hitler, Auschwitz, mas que culpa tiveram eles? Os árabes apenas vêem uma coisa: que viemos para aqui, que roubámos as suas terras. Porque haveriam de aceitar tal coisa?...”
David Ben-Gurion citado por Nathan Goldman, que foi presidente do World Jewish Congress, no seu livro “The Jewish Paradox”

“...Ante os próprios olhos dos Palestinos encontramo-nos de posse das terras e das localidades onde viveram eles e os seus antepassados. Nós somos a geração de colonizadores, e sem colocarmos o capacete de aço e sem levarmos uma metralhadora debaixo do braço não conseguimos plantar uma árvore ou construir uma casa...”
Moshe Dayan, líder israelita, citado por Benjamin Beit-Hallahmi no seu livro: “Original Sins: Reflections on the History of Zionism and Israel”

“...Os árabes irão ser o nosso problema por muito tempo, disse Weizmann. Não vai ser um problema simples. Um dia eles vão ter de sair daqui e deixar-nos o seu país. Eles estão na proporção de dez árabes para um judeu, mas nós, judeus, não teremos dez vezes mais inteligência do que eles?...”
Palavras do líder sionista Chaim Weizmann proferidas na Conferência de Paz de Paris, em 1919, citadas por Ella Winter no seu livro “And Not To Yield”.

O consenso internacional a respeito de Israel (uma pequena amostra muito representativa)

“...no começo dos anos 50 os estados árabes queixavam-se frequentemente das represálias de que eram vítimas ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, que rejeitava sistematicamente as reivindicações de Israel à auto-defesa...”

“...Em Junho de 1982 Israel invadiu mais uma vez o Líbano, e usou bombardeamentos para destruir inteiramente campos de refugiados árabes palestinos. Por este processo Israel matou 20.000 pessoas, civis na sua maior parte... enunciando motivos de auto-defesa para a sua invasão, mas a inexistência de ataques efectuados pela OLP a Israel durante o ano anterior tornou duvidoso esse argumento. O Conselho de Segurança da ONU ordenou que Israel retirasse imediata e incondicionalmente todas as suas forças militares das fronteiras internacionalmente reconhecidas do Líbano...”

“...A Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas, com base na disposição de que certas violações das leis humanitárias são “infracções graves” que merecem punição criminal para os seus autores, identificou um número de práticas israelitas durante o levantamento (a “intifada”) que considerou “crimes de guerra”. Nomeadamente torturas físicas e psicológicas infligidas a prisioneiros palestinianos, sujeitos a tratamento impróprio e desumano; a imposição de “punições colectivas” a cidades, vilas e campos de refugiados palestinos; a detenção administrativa de milhares de palestinianos; a expulsão de cidadãos palestinos; a confiscação de seus bens e a invasão e demolição de casas de palestinianos...”
In: “Palestine and Israel: A Challenge to Justice”, de John Quigley.

Desde 1970 até 1999 o Supremo Tribunal Israelita decidiu a proibição da tortura durante interrogatórios (teoricamente). Entretanto centenas de milhar de palestinos são sujeitos a tratamento desumano nas prisões de Israel.

“...As duas principais entidades, ou agências, encarregadas de fazer interrogatórios nos “territórios ocupados” usam sistematicamente processos de maus tratos e de tortura, considerando a definição que é internacionalmente dada a esses termos. Os métodos usados em quase todos os interrogatórios são a privação prolongada do sono, a privação da vista pela aplicação de vendas ou carapuços muito apertados, manutenção dos prisioneiros em posições forçadas que causam dores progressivamente violentas; tratamento verbal violento e insultuoso...”

“...Estes métodos são quase sempre acompanhados com alguns das seguintes ofensas: aprisionamento em locais pequeníssimos, tipo armário, exposição a temperaturas muito elevadas, tal como inversamente em salas enregeladas; privação de acesso a actos fisiológicos e higiénicos; tratamentos degradantes; os espancamentos são muito mais frequentes nos interrogatórios feitos pelas forças armadas do que pelos GSS (serviços de segurança) israelitas. Dezasseis de dezanove prisioneiros que entrevistámos (entre 1992 e 1994) disseram-nos que tinham sido agredidos durante os interrogatórios . Levaram socos e pontapés na garganta, testículos e no estômago. Alguns foram sujeitos a choques eléctricos e foram atirados de cabeça de encontro às paredes...”

“...Os interrogatórios israelitas usam sistematicamente métodos combinados, durante largos períodos de tempo.Deste modo, um prisioneiro detido pelo GSS (General Security Service) pode passar semanas durante as quais, excepto por breves intervalos, é transferido alternadamente de uma cadeira diminuta à qual é acorrentado dolorosamente para um cubículo asfixiante onde mal se pode mover, para depois ser interrogado à medida que é espancado e maltratado, passando de novo para a situação da cadeira, e assim sucessivamente!...”

“...O uso combinado, intenso e prolongado deste conjunto de processos provoca um sofrimento mental e físico que corresponde às definições internacionais de tortura. Os governantes israelitas não podem invocar desconhecimento de que tais maus tratos são a norma nos seus centros de interrogatórios. O número de vítimas é demasiado numeroso e os abusos sistemáticos...”
Relatório de 1994 da Human Rights Watch, “Torture and Ill-Treatment: Israel’s Interrogation of Palestinians from the Occupied Territories.”

“... A Amnistia Internacional também observou que, quando levados a tribunal, a maior parte dos reclusos palestinianos presos por “crimes terroristas” e torturados pelo Shin Bet (GSS) eram acusados de “pertencer a associções ilegais” e por terem “atirado pedras”. Também havia cativos por delitos de consciência ou por terem unicamente empunhado uma bandeira. Numa certa altura o editorialista B. Michael do Ha’aretz referiu que não havia um único caso de torturas do Shin Bet que se tivessem aplicado a alguém que tenha procurado colocar bombas, ou algo assim. Em todos os casos em que os palestinianos fizeram queixas de tortura, o Shin Bet justificou-se com a necessidade de extorquir confissões acerca de algo que já havia sucedido e nunca a respeito que estava ainda por acontecer...”
In: “The Rise and Fall of Palestine”, de Norman Finkelstein.

A Comissão das Nações Unidas Contra a Tortura de 1997 toma decisões contra Israel

“…B’Tselem calcula que os GSS interroga anualmente entre 1.000 a 1.500 Palestinianos (calculo efectuado em 1998). Oitenta e cinco por cento dos quais – pelo menos 850 pessoas por ano – são torturdas durante tais interrogatórios...”

“…A Comissão das Nações Unidas Contra a Tortura chegou a uma conclusão inequívoca: Os métodos de interrogatório usados nas prisões de Israel constituem violação do artigo 16, além de constituirem actos de tortura conforme o artigo 1 da Convenção. Como Estado Membro da Convenção Contra a Tortura, Israel está impedido de apresentar requisitos especiais a esta Comissão. A proibição da tortura é absoluta e não há requisitos especiais que justifiquem excepções ou derrogações a seu respeito….”
In: “Relatório de 1998 da B’Teslem, The Israeli Information Center for Human Rights in the Occupied Territories, “Routine Torture: Interrogation Methods of the General Security Service.”

Argumentos usados para justificar o sionismo

“…Não há claramente necessidade de justificar o sonho sionista, o desejo de alívio para o sofrimento dos judeus…

O problema do sionismo aparece no momento em que ele desembarca, por assim dizer, na Palestina. O que tem de ser justificado é a injustiça para com os palestinos causada pelo sionismo, a espoliação e a vitimização de todo um povo. Há aqui qualquer coisa que soa a falso, um erro que cria a necessidade de justificações…”

“…Por exemplo, a reivindicação do legado ancestral… O objectivo do sionismo é a restauração de uma soberania judaica com estatuto equivalente ao de há 2.000 anos. Contudo o sionismo não propõe que se estabeleça o mesmo tipo de atitude para com todas as situações vividas no mundo. Não propõe por exemplo que se restaure a totalidade do Império Romano!... Além disso, os palestinos já reivindicaram ser descendentes dos residentes na Palestina de há 3.000 anos!...”

“…o sofrimento dos judeus como justificação: …Era fácil fazer os palestinos pagar por 2.000 anos de perseguições. Os palestinos, que têm sofrido o peso enorme dessa vingança, não foram os opressores históricos dos judeus: não foram eles que os encurralaram em ghettos e que os obrigaram a usar estrelas amarelas cosidas na roupa; não planificaram holocaustos! Tinham o simples defeito de ser fracos e indefesos perante forças organizadas militarmente, sendo por isso vítimas ideais para uma vingança abstracta…”

”…o anti-semitismo como justificação: …ao contrário da situação dos judeus perseguidos por serem judeus, os israelitas estão em guerra com os árabes porque cometeram o pecado do colonialismo, não por terem identidade judaica…”

“…a justificação da “lei da selva”: …configurar o mundo como naturalmente injusto, e tomar a opressão como processo natural foi sempre o solução adoptada por aqueles que querem manter os seus privilégios. A necessidade de justificar o sionismo, e a falta de outras defesas, fez com que essa concepção passasse a fazer parte da visão israelita do mundo; O cinismo em Israel tornou-se um recurso usual, característica que notabilizou os seus naturais…”

“…efeitos sobre os israelitas:
…os israelitas parecem estar atormentados pela maldição dum pecado original cometido contra os nativos do país, os árabes. Como poderá ser discutido o problema israelita sem abordar a usurpação da terra e a expulsão dos não-judeus? Este é o facto mais básico a respeito de Israel, e nenhuma compreensão da sua realidade permite ignorá-lo. O “pecado original” atormenta e aflige os israelitas; marca tudo e mancha toda a gente. A sua memória envenena o sangue e marca cada momento da existência…”
In: “Original Sins: Reflections on the History of Zionism and Israel.”, de Benjamin Beit-Hallahmi, autor israelita.

O “direito histórico” do sionismo à Palestina

“…o direito histórico do sionismo à Palestina não era histórico nem era… direito. Não era histórico na medida em que não cobre um vácuo de dois mil anos de ausência de povoamento judeu na Palestina, e não considera os mesmos dois mil anos de permanência noutros lugares. Não era direito, excepto no conceito místico-romântico de “terra e sangue “, e nos cultos ainda românticos da morte, dos heróis e dos túmulos…”

“…a pretensão do judeu sem eira nem beira radica num aglomerado de suposições que tanto negam a ideia liberal de cidadania como reproduzem a concepção anti-semita de que o estado pertence à maioria étnica que pertence à nação. Numa palavra, a causa sionista para um estado judaico é tão válida como a causa anti-semita para um estado étnico que marginalizasse os judeus…”
In: “Image and Reality of the Israel-Palestine Conflict”, pelo Professor Norman Finkelstein

Que tal o argumento sionista de que a Jordânia já é o Estado Palestino?

“… é frequentemente pretendido que havia, de facto, um “compromisso territorial” anterior, nomeadamente de 1922, quando a Transjordânia foi excluída como “terra prometida para a pátria do povo judeu”… decisão que é difícil criticar à luz do facto de que “o número de judeus que ali viviam a título permanente em 1921 era constituído por um número avaliado em duas ou, a acreditar em certas autoridades, três pessoas…”
In: “The Fatefull Triangle”, de Noam Chomsky

Porque será que Israel “a única democracia do Médio Oriente” não têm constituição?

“… a omissão em redigir uma constituição não foi um acaso. A expropriação maciça de terra e de outros pertences aos árabes que fugiram do território como consequência da guerra da independência, e daqueles que ficaram mas foram considerados ausentes, bem como a confiscação de largas porções de terra das localidades árabes dais quais não houve fuga de habitantes, tendo havido leis que legalizaram tais actos – todo esse tipo de medidas estaria condenado a ser declarado inconstitucional, nulo e de nenhum efeito pelo Supremo Tribunal, por ser expressamente discriminatório contra uma parte dos cidadãos, dado que qualquer constituição democrática se vê obrigada a tratar de igual modo todos eles…”
In: “Jewish State or Israeli Nation?” de Boas Evron.

“A única democracia no Próximo Oriente”? – continuação

“…a decisão do Supremo Tribunal israelita de 1989 de que qualquer partido político que defenda inteira igualdade entre árabes e judeus pode ser impedido a apresentar candidatos a eleições significa que o estado israelita é o estado dos judeus, não o estado dos árabes…”
In: “Image and Reality of the Israel-Palestine Conflict.” do Professor Norman Finkelstein.
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